
Cabo Norte
(Alemanha, Dinamarca, Suécia, Noruega e Luxemburgo)
Junho de 2015
Köpmanholmen
8º Dia
Terça-feira, 16 de junho de 2015
Hora: 7:30
Destino: Köpmanholmen (Suécia), 620 Km
Coordenadas GPS: N 63.169500 E 18.593838
Partimos o mais cedo possível, o tempo estava bom, com sol e sem nuvens.
Alguns quilómetros adiante passámos pela fabrica da Scania, é enorme!
À medida que nos aproximamos de Estocolmo o trânsito está a ficar lento, os acessos à capital estão congestionados por causa das obras que estão a fazer na estrada. O trânsito era lento e as filas longas, tendo sido muito complicado contornar Estocolmo. Estão a fazer vários viadutos e túneis, o que provoca grandes atrasos, gastámos mais de uma hora a atravessar Estocolmo.
Poderá parecer um pouco estranho porque não paramos em Estocolmo, sendo esta uma cidade das mais bonitas das no norte da Europa, mas isso deve-se ao facto de já termos dedicado noutra viagem o tempo suficiente para visitar esta cidade que recomendamos.
Como já referimos algumas vezes, o objetivo era chegar o mais rápido possível ao Cabo Norte para se iniciar de norte para sul um percurso muito mais tranquilo pela rota dos fiordes e pelas ilhas Lofoten.
Há um pormenor a referir, existem portagens em pórticos como no nosso país, não sendo nada baratas. Passámo-las todas sem pagar, não conseguimos saber onde se pagava, nem como. Será que mais tarde iremos receber em Portugal a conta para pagar? Mais de um ano depois ainda nada tínhamos recebido.
A paisagem é linda, continuamos a ver lagos, braços de mar com as margens muito bonitas, com casinhas típicas, quase sempre com uma auto-caravana ou roulote ao lado. Vêm-se também alguns ancoradouros, muita vegetação, as águas muito límpidas a refletirem as margens. São imagens que não se descrevem, vêem-se e sentem-se.
Em Gävle parámos para comprar o almoço, tendo-se comprado costeletas grelhadas, que de início pensámos serem de vaca, mas afinal eram de rena.
As costeletas eram muito tenrinhas, quanto ao sabor e textura, pareciam ser uma mistura de vaca e porco. Nunca pensámos vir a comer rena, mas até gostámos.
Em Gnap atestou-se a autocaravana, foram cerca de 85,2 € (13,40 SEK/l).
Em Hornosand (N 62.628330 E 17.935190) parámos para descansar e relaxar um pouco, junto a um ancoradouro. Deve ser uma zona de veraneio, porque há muitos hotéis, casas grandes muito bonitas e um ambiente típico de verão.
Partimos às 17:10, vamos fazer mais cerca de 95 Km até ao local previsto para pernoitar, que será no porto de Köpmanholmen (N 63.169500 E 18.593838). Este local é pago, tem um custo de 10 SEK, cerca de 1 €.
Quando lá chegamos já lá estavam algumas autocaravanas. Por sorte, havia mesmo ao lado do local onde tínhamos estacionado, o Restaurang Kajen, onde jantámos.
Neste local o sol apesar de se pôr, não fica noite. O sol nesta altura do ano apenas passa ligeiramente a linha do horizonte. Era a segunda vez que pasávamos uma noite sem noite. De início é uma sensação um pouco estranha mas que acabamos por nos habituar. Nesta viagem iríamos durante cerca de uma semana estar sem noite. Nos próximos dias nem sequer o sol iria passar a linha do horizonte. Uma das fotos que mostramos de seguida documenta a luminosidade que havia bem próximo da meia noite.
Aproveitámos para dar uma pequena volta a pé, desfrutando desta sensação única e da vista das águas do Golfo da Bótnia
No porto atracam ferries que vão para ilhas próximas, nomeadamente a Trysunda que tem uma reserva natural. A avaliar pela quantidade de parques de estacionamento nas imediações do porto, há concerteza muita gente a deslocar-se para estas ilhas.
Apesar de não escurecer, arrefeceu bastante, estando um vento que aumentava a sensação de frio.
Fomo-nos recolher para descansar, uma vez que no dia seguinte tínhamos como objetivo chegar a Alta (Noruega), e uma das jornadas com mais quilómetros a percorrer.
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9º Dia
Quarta-feira, 17 de junho de 2015
Hora: 7:00
Destino: Alta (Noruega), 996 Km
Coordenadas GPS: N 69.94648 E 23.18825
O tempo continua bom, partimos cedo rumando a Alta. Chegados a Alta estamos já bem próximos do Cabo Norte.
A paisagem continuava linda, lagos com águas transparentes, nas margens casas pequenas de estilo nórdico, algo difícil de descrever.
Apesar da baixa densidade populacional, os aglomerados populacionais de maior dimensão, têm muito comércio, indústria por vezes de média dimensão, tudo muito organizado. Era o caso de Örnsköldsvik, poucos quilómetros à frente do local onde tínhamos pernoitado.
Se no sul da Europa pernoitar num camping é importante por motivos de segurança, nestes países do norte da Europa tal não se justifica. Para o autocaravanista o maior problema, quando se pernoita fora dos campings é o acesso a água, coisa que nestes países não é problema. A água é um recurso abundante fácil de obter. A água para beber, regra geral compramos, ou enchemos garrafas em locais seguros. A água destinada o outros usos, nesta época do ano, fruto do degelo das neves do inverno, jorra por todo o lado, especialmente nas latitudes mais a norte. É normal nas áreas de descanso, haver WC e água para encher o depósito da auto-caravana.
Os quilómetros vão-se somando e cada vez gostamos mais da paisagem que desfrutamos.
Parámos para atestar a auto-caravana, foram 495,10 SEK (cerca de 52 €).
Às 11:42 estávamos apenas a 30 km de Luleå.
Apesar de não ser a primeira vez que fazíamos este percurso, o prazer é sempre renovado. Apesar de não se circular em auto-estrada, nem se voltar a auto-estradas durante os próximos dias, a condução é agradável e o ambiente é único.
Em Töre parámos para almoçar. Foi um almoço ligeiro para não haver grande demora.
Cerca das 14:00 iniciámos o troço que ligaria Töre a Alta, um percurso de 550 Km por uma zona para nós desconhecida.
A estrada não é de forma alguma tão boa quanto a anterior, e tem uma particularidade, não se encontram bombas de gasolina à beira da estrada, coisa que nos começou a preocupar. Como a densidade populacional é já bastante reduzida as bombas encontram-se nas pequenas localidades e dispersas que se encontram no percurso. A única forma de reabastecermos a auto-caravana é sair da estrada principal e procurar uma nestas pequenas localidades.
Como tínhamos lido relatos onde se fazia referência à possibilidade de se encontrar grandes distâncias sem bombas de combustível, fomos de novo atestar a auto-caravana, apesar de estarmos apenas a cerca de meio depósito, tendo-se enchido um jerricane com 20 litros adicionais.
Não queríamos correr riscos,no entanto podemos dizer que este receio era infundado. Mesmo no troço final, bem próximo do Cabo Norte, só fica sem combustível que for de facto imprudente e deixar o combustível chegar a níveis críticos.
Este nosso percurso obrigava-nos a uma breve incursão na Finlândia, depois de termos passado o Círculo Polar do lado da Suécia. Havíamos imaginado que seria algo parecido com o que se encontra próximo de Rovaniemi na Finlândia, um local que merece uma paragem e uma visita, mas muito pelo contrário, era uma zona com lojas degradadas e uma zona comercial abandonada.
De facto poucos carros passam por esta estrada, o negócio não seria rentável.
É certo que o Circulo Polar é apenas uma linha imaginária, mas que tem simbolismo e consequências práticas, uma delas é de na época próxima do solstício de verão o sol não se pôr, havendo sol visível todo o dia.
A estrada rumo a norte tinha o piso progressivamente mais degradado. Pareceu ser uma zona essencialmente de passagem de camiões com madeira, uma vez que era uma zona densamente arborizada e onde havia máquinas de corte e transporte de madeira.
É uma zona onde é visível o isolamento das populações e as dificuldades que sentem no inverno frio e escuro.
Entrámos na Finlândia às 16:00, atravessando um rio e uma pequena ponte próxima de Kolari.
Pouco tempo depois vimos à beira da estrada as primeiras renas selvagens. Aproveitou-se para fotografar e guardar este momento para mais tarde recordar.
É certo que nos próximos dias o que mais íamos ver seriam renas à beira da estrada, mas trata-se sempre de algo que provoca alguma emoção.
Alguns quilómetros adiante, parámos para jantar e descansar um pouco. Como não há noite, a noção de fim de dia não existe. Pode-se guiar até mais tarde sem que se tenha a noção de que começa a ser a altura de parar.
Cerca das 19:40 partimos para o último troço até Alta.
Entrámos na Noruega (Finnemark) às 20:25. Nesta zona a paisagem é bem diferente da que tínhamos encontrado na Suécia e na Finlândia.
Estávamos em plena zona de tundra ártica, região na qual a baixa temperatura e estações de crescimento curtas impedem o desenvolvimento de árvores, a vegetação é composta por arbustos, ciperáceas, gramíneas, musgos e líquens.
Passámos uma imensa zona do planalto, onde a vegetação era rasteira, bastante escura, parecia musgo, típica de zonas de muito baixa temperatura. As poucas casas que se encontram são dispersas, muito pequenas, quase todas com cercas e rebanhos de renas.
À medida que nos vamos aproximando de Alta, passamos a cotas mais baixas onde a paisagem vai-se tornando muito bonita, algo de novo indescritível. Passámos entre penhascos altíssimos, onde as rochas eram formadas por camadas de placas inclinadas, com quedas de água enormes, que davam origem a rios e lagos.
Toda esta paisagem tinha uma luminosidade muito especial, o sol àquela hora adquire um tom muito específico e tudo fica envolvido naquela luz.
Chegámos à APN de Alta (N 69.94642 E 23.18806) cerca das 23:00, um pouco tarde, mas era pleno dia. A AP está situada à beira de um fjord, tinha um “pôr-do-sol”, que nunca se pôs, super lindo, uma coisa incrível. O sítio tem umas vistas fantásticas, era possível ver o sol da meia noite e ao mesmo tempo ver as montanhas com neve a refletir na água do mar.
Relaxámos um pouco e acabámos por ir dormir, o dia seguinte reservava-nos uma curta viagem e a chegada ao local mais distante da nossa viagem.
percurso até alta










