
Itália, Croácia, Austria e Suiça
Junho de 2016
oradour-sur-glane
Anterior
Seguinte
19º Dia
Quinta-feira, 30 de junho de 2016
Hora: 8:50
Destino: Oradour-sur-Glane, 530 Km
Coordenadas GPS: N 45,934630 E 1.025834
Tal como não é fácil entrar em Genebra, a saída torna-se igualmente complicada.
O nosso objetivo seria chegar relativamente cedo a Oradour-sur-Glan, para ainda se possível visitar, neste dia a vila mártir.
O Massacre de Oradour-sur-Glane foi resultado de um ataque da Segunda Divisão S.S. sob as ordens do General Lammerding, no dia 10 de junho de 1944. Nesse dia, o exército alemão, recebeu a informação de que um dos seus soldados tinha sido feito prisioneiro por um grupo de resistência na pequena vila de Oradour-sur-Glane, que à época tinha cerca de mil habitantes.
A tropa alemã cercou a cidade, tendo reunido toda a população na praça principal, onde separaram homens para um lado e mulheres e crianças para outro. Os homens foram levados a celeiros nos arredores, e as mulheres e crianças foram trancadas dentro da igreja da vila. Pouco depois, os 190 homens nos celeiros foram fuzilados, sobrevivendo apenas cinco. A igreja, com mais de 450 mulheres e crianças, foi incendiada. Apenas uma mulher sobreviveu: Marguerite Rouffanche, que conseguiu saltar por uma das janelas da igreja sem ser notada.
A própria Marguerite Rouffanche relatou a forma como conseguiu escapar, tendo dito no seu depoimento de 1953 no Tribunal Militar em Bordéus, o seguinte: "A minha filha foi morta perto de mim por uma bala disparada de fora. Devo a minha vida ao facto de ter fechado os olhos e fingir estar morta. Usei uma nuvem de fumo para escapar por trás do altar. Nesta parte da igreja há três janelas. Com a ajuda de um banquinho usado para acender as velas, atirei-me para fora da abertura da janela. Eu saltei cerca de nove metros de altura.
Quando olhei para cima, vi que tinha sido seguida por uma mulher segurando um bebé. Ela caiu ao meu lado, mas os alemães, alertados pelos gritos do bebé, dispararam sobre nós. A mulher e o bebé foram mortos, eu estava ferida, no entanto consegui fugir para uma casa próxima, tendo-me escondido no meio das ervilhas do quintal e esperado ansiosamente que alguém me viesse ajudar. Tal só aconteceu no dia seguinte às 17:00"
Depois do massacre, a tropa alemã ateou fogo à cidade. Do ataque resultaram 642 mortos.
Até hoje, as ruínas são símbolo da resistência francesa durante a ocupação nazi. As ruínas foram mantidas por ordem do governo francês de Charles de Gaulle, como uma lembrança deste crime e símbolo do sofrimento causado pela ocupação alemã.
O atraso na saída de Genebra estava a preocupar-nos, porque poderia inviabilizar a visita a Oradour naquele dia.
Entrámos em França às 9:40, fizemos um troço de auto-estrada, tendo-se pago pelo mesmo, 44€ de portagem.
Alguns quilómetros adiante, atestámos a auto-caravana numa pequena localidade, onde existia uma gazolineira à moda antiga, pagámos 77,4€.
Almoçámos em Montluçon, um almoço rápido para não termos grande demora.
Seguimos pela estrada nacional até Oradour-sur-Glane, onde chegámos por volta das 17:00, estacionámos a auto-caravana no parque de estacionamento (N 45.931157 E 1.034723) destinado aos visitantes. Como era já um pouco tarde, fomos de imediato visitar a exposição e a Vila Mártir, pagou-se pelos ingressos 18€.
A exposição é muito interessante, aborda a evolução do nazismo e a sua queda, no entanto, a parte que dizia respeito ao massacre daquela Vila, despertou-nos a atenção. Mas de facto, o que queríamos ver eram as ruínas, as quais têm um valor histórico incalculável.
A Vila mantem-se tal e qual como ficou no dia do massacre. As casas estão conservadas mas não recuperadas, estão identificadas com placas informando quem nelas vivia e a sua profissão. Encontra-se ali uma grande variedade de lojas, cafés, hotéis, restaurantes, talho, costureiras, cabeleireiras, oficinas de automóveis entre muitas outras. De igual modo, podem ver-se os utensílios que as pessoas usavam para o desempenho dessas profissões.
Vêem-se muitos carros da época, nos quintais, na rua, ou nas garagens. Impressiona muito a igreja onde as 452 mulheres e crianças morreram carbonizadas. O sino da igreja fundiu e derreteu, está lá no chão da igreja.
De referir que muitas casas têm também a indicação de quantos homens foram lá mortos e massacrados. É incrível o silêncio de quem visita esta Vila, ninguém se atreve a falar ou fazer qualquer barulho, tal é o respeito pela memória de todos os que ali perderam a vida.
Fomos também ao cemitério, que é igualmente um dos locais de visita, onde existem muitas campas devidamente identificadas com lápides e fotografias e um sem fim de referências alusivas ao martírio.
Existe dentro do cemitério um memorial, que invoca os falecidos e todos aqueles cujos corpos não foi possível identificar
Gostámos muito desta visita, esta Vila é um testemunho vivo do se passou na França ocupada e martirizada durante a Segunda Guerra Mundial.
Terminámos a visita perto das 19:00, hora de encerramento do memorial.
Fomos para a AP de Oradour-sur-Glane (N 45,934630 E 1.025834) ali perto. É boa e grátis, estava repleta de auto-caravanas. Jantámos e conversámos sobre o que tínhamos visto, que é de facto impressionante.






























