
Cabo Norte
(Alemanha, Dinamarca, Suécia, Noruega e Luxemburgo)
Junho de 2015
10º Dia
Quinta-feira, 18 de junho de 2015
Hora: 9:00
Destino: Cabo Norte - Nordkapp (Noruega), 235 Km
Coordenadas GPS: N 71.168555 E 25.782467
Levantámo-nos mais tarde, pois precisávamos de descansar. No dia anterior tínhamos feito bastantes quilómetros aproveitando o facto de não haver noite.
Estamos relativamente próximo do Cabo Norte, pelo que não se justifica grande pressa, iremos tomar duche, o pequeno almoço nas calmas e de seguida seguiremos viagem, contando parar em Honningsvåg.
Contamos no regresso voltar a parar neste local para pernoitar, no entanto vamos aproveitar, para de auto-caravana dar já um passeio pelo centro de Alta.
Hoje amanheceu com o céu bastante nublado e a chover. Este era um dos nossos receios, ou seja, chegar ao Cabo Norte em dia de nuvens e mau tempo. Isso impedia-nos de ver o sol da meia noite, apesar de haver luz e dia.
Atestámos a autocaravana na Esso em Alta, foram 572 NOK, cerca de 66 €.
A autocaravana atestada tinha gasóleo suficiente para ir ao Cabo Norte e regressar, percorrendo os cerca de 500 Km necessários.
Alta é uma cidade pequena, muito calma, mas bonita. Muito limpa e bem organizada, como é hábito..
Parámos para almoçar numa enseada muito acolhedora, para almoçar.
Cerca das 13:40 partimos, estavam apenas 10,6º C, estando nós apenas a 36 km de Honningsvag.
Chegámos ao Cabo Norte às 15:30, tendo-se pago 510 NOK, cerca de 61 €, para se aceder ao local de pernoita de auto-caravanas. Todos os veículos pagam portagem, estavam já aquela hora largas dezenas de auto-caravanas no parque aguardando a possibilidade de ver o famoso sol da meia-noite.
Havia muitos ciclistas de percursos longos,a pedalar a caminho do Cabo, que fomos ultrapassando durante a viagem.
Havia igualmente imensos Motards no parque de estacionamento aguardando a chegada daqueles momentos únicos.
O Cabo Norte é o ponto mais a norte onde é possível chegar por terra na Europa Ocidental. A chegada ao Cabo Norte, o ponto mais setentrional da Europa, é sempre um momento único, e um local onde pode ver-se o Mar de Barents. Chegar à latitude 71.170º N, é sempre um acontecimento especial, local onde no período de verão, cerca de 200 000 turistas rumam todos os anos.
A viagem de Alta até ao Cabo Norte foi uma surpresa. São inúmeras as enseadas com casinhas típicas, águas muito transparentes, montanhas com muita neve e uma quantidade infindável de cascatas. Existem muitas zonas de pesca, com os barcos pequenos muito coloridos, para já não se falar dos imensos rebanhos de renas.
Aqui não falta água para atestar a auto-caravana. Parámos numa enseada e atestámos o depósito com água que caía duma cascata que desaguava num regato que ia dar ao mar.
Atravessámos vários túneis, sendo um deles o famoso túnel que dá acesso à ilha Magerøya e tem cerca de 7 km de comprimento, passando por baixo do mar. É nesta ilha que se localiza Honningsvåg e o Cabo Norte. Atravessar este túnel, significa que se está bem próximo do fim do percurso. Sabemos que atravessá-lo de bicicleta é um esforço incrível, o túnel tem cerca de 3 Km de descida acentuada, cerca de 1 km plano e mais 3 Km de subida tão acentuada quanto foi a descida. Vimos várias pessoas a passá-lo de bicicleta, imaginamos quão penoso deve ser fazer aquela subida que para eles deve ser interminável, depois de tanto esforço. A parte gratificante da coisa é saber que dali ao Cabo Norte restam apenas 34 Km.
Iríamos ter o prazer, de no regresso, podermos contemplar de novo estas paisagens fantásticas.
À chegada a Honningsvåg parámos para tirar fotos, para nossa surpresa estavam lá duas auto-caravanas de matrícula portuguesa.
Foi uma enorme surpresa! Nós que fazemos todos os anos tantos quilómetros pelo estrangeiro, praticamente nunca encontramos portugueses. Que coincidência encontrar portugueses tão longe, a cerca de 5 000 Kms de distância de Portugal.
Estivemos de conversa com os donos, eram simpáticos, e tal como nós iam para o Cabo Norte.
Fomos dar uma "vista de olhos" a Honningsvåg, que é uma cidade pequena mas simpática, com bastante movimento no verão, porque é o local onde atracam os navios de cruzeiro com os passageiros que vão ver o sol da meia noite ao Cabo Norte. A partir da tarde, começam a chegar os navios, sendo os passageiros transportados de autocarro.
Continuámos a viagem, mas à medida que nos aproximávamos do Cabo Norte a paisagem foi gradualmente tornando-se mais agreste.
As casas rareiam, são pequenos aglomerados por vezes de duas, ou três casas, bastante pequenas. Não se consegue imaginar como será o inverno nestas paragens, onde o clima é tão agreste. Apesar de ser dia 18 de junho, estavam previstas temperaturas mínimas de cerca de 3º C,
Durante o percurso cruzámo-nos com centenas de auto-caravanas que já vinham do Cabo Norte, certamente companheiros que tinham passado a noite naquele mítico local e estavam de regresso. Era muito frequente saudarem-nos.
Como já havíamos referido, há uma portagem à entrada, onde pagámos pela entrada e pela permanência de uma noite 510 NOK, caso desejássemos ficar mais tempo, pagaríamos 150 NOK, por cada noite a mais.
Não é muito barato, mas trata-se do Cabo Norte e tudo vale a pena.
Os míticos N 71° 10′ 21″ que tanto anseávamos tinham sido alcançados!!!!
Por tudo que tínhamos visto até ali tinha valido a pena, sabendo nós que algo muito bom ainda estaria para vir.
Tínhamos estacionado a auto-caravana em segunda fila, porque já lá estavam imensas auto-caravanas, mas o sítio era bom.
Depois de instalados, fomos logo ver tudo ali à volta, voltámos a reencontrar os nossos conterrâneos, tendo ido juntos na conversa tirar as fotos da praxe, junto à esfera de ferro, que se eleva acima do Oceano Ártico, 307 metros de altura.
Já lá havia turistas das mais diversas nacionalidades, embora a esta hora nada tivesse que ver com a afluência que mais tarde se verificaria. Tirar fotos na esfera próximo da meia noite, foi algo muito complicado, fotos sozinhos é coisa praticamente impossível. Embora houvesse algumas nuvens, o tempo estava bom e ainda relativamente agradável, o que nos permitiu tirar fotos no local do monumento Children of the Earth, no qual o prémio homónimo é conferido a quem tenha feito algo importante em prol das crianças do planeta, assim como ao obelisco em honra do Rei Óscar II, que visitou o Nordkapp em julho de 1873.
Entretanto vimos um navio de passageiros, que se dirigia para Honningsvåg, que ao passar junto ao cabo, apitou para saudar os presentes, muitos de nós acenámos aos passageiros respondendo à saudação.
Os turistas do navio de passageiros, estariam algumas horas depois, ali também connosco, para disfrutar aqueles momentos.
O Nordkapp tem um edifício que serve de infraestrutura de apoio, conhecido como North Cape Hall, no qual se situam além do restaurante, do bar e loja de souvenirs, uma sala multimédia, também podemos visitar a capela de São João, que é pequenina mas muito intimista, sendo a capela ecuménica mais setentrional do mundo. Existe ainda museu dedicado ao rei Chulalongkorn da Tailândia.
Ao longo dos pisos inferiores pode-se ver uma exposição em forma de montras, que conta a história das expedições ao Cabo Norte. Há também uma sala de cinema onde passem um filme sobre o Cabo Norte várias vezes ao dia.
O North Cape Hall tem os pisos inferiores cavados no penhasco, pelo que quem observa o edifício por fora, não imagina a dimensão real do mesmo.
Aproveitámos para jantar e comprar alguns souvenirs. Naquela altura, a zona onde eram adquiridos passaportes comprovativos da estada no Cabo Norte, estava muito concorrida com os turistas, que entretanto iam chegando em autocarros.
A quantidade de autocarros, auto-caravanas, motos e outras viaturas é imensa, não paravam de chegar à medida que se aproximava a hora mais desejada..
A temperatura no exterior caía a pique, já se fazia sentir bastante frio, apesar do sol estar bem alto.
Perto da meia noite fomos para o exterior do edifício tirar fotos, havia imensa gente a tirar fotos e a comemorar com champanhe o acontecimento. Havia muitos asiáticos, que julgamos terem vindo nos navios de cruzeiro. Havia entre aquela multidão um ambiente de alegria e de contemplação por se poder observar o sol a brilhar à meia noite. Tínhamos imaginado que no Cabo Norte o sol à meia noite estaria próximo da linha do horizonte, mas estava naquela época do ano bem próxima do solstício de verão encontrava-se bem acima do horizonte.
O nosso receio de que o céu poderia estar muito nublado e que poderia ser uma deceção aquele momento, felizmente não teve fundamento. Apesar de haver algumas nuvens, podia-se contemplar o sol a brilhar com todo o seu esplendor.
Pena que as máquinas fotográficas, ao fotografarem o sol diretamente, escureçam a imagem devido ao efeito contra-luz, dando a impressão que havia uma penumbra. Era dia claro, idêntico às 20:00 na mesma época do ano em Portugal.
Estávamos delirantes, tínhamos assistido mais uma vez ao “Sol da Meia-Noite”. Que emoção!
Como estava muito frio e a temperatura caminhava para os 3º C de mínima previstos, não pudemos permanecer no exterior do edifício muito mais tempo. Muitos dos turistas, por não estarem devidamente equipados para o frio, limitaram-se ao North Cape Hall, que tinha uma temperatura muito agradável.
Vimos o nosso sonho concretizado.
Fomos ainda comprar mais uns souvenirs e cerca da 1:00 fomos dormir.
Àquela hora, a caminho da auto-caravana, fizemos uma contagem por alto, estavam lá mais de duzentas auto-caravanas, cerca de vinte autocarros, uns cinquenta carros, muitas motos, bikes e umas centenas de turistas, das mais variadas zonas do planeta.
Que dia FANTÁSTICO!
O Cabo Norte ou se ama ou se detesta. Quem não for amante da natureza e de belezas naturais, se algum dia for ao Cabo Norte, foi ao sítio errado.
Quem como nós, se deliciar com tudo aquilo que este local proporciona, é algo a não perder.
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